Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Condição celíaca

 

"Meu pai degustando um saboroso café da manhã."


Obtendo os prazeres de uma refeição através do olfato e visão.

Quando fui diagnosticada há alguns anos, foi muito difícil me adaptar a nova realidade. Não só pelo fato de que a nova dieta me exigiria responsabilidade e constância, mas também de imaginar o quanto isso iria impactar a vida das pessoas ao meu redor.
Alimentação restritiva tende a ser mais cara, significa dizer que o gasto que meus pais teriam que fazer para manter a doença sobre controle, causou um peso no meu consciente. Eu não trabalho. Não poderia comprar as coisas e ver meu pai arcar com tudo me deixa triste. Isso também ressoou com meu antigo namorado, por que eu sempre me sentia um fardo na vida dele. Eu acreditava que não poderíamos levar uma vida normal, já que a maioria dos lugares que ele gostava de comer, eu não iria estar junto para acompanhar e quando ele comia sozinho, me dava raiva por dois motivos: O primeiro, por que me sentia uma inútil e revoltada comigo mesma por não poder compartilhar daquele momento e o segundo, pelo fato de que considerava aquela ação um gesto insensível. Se eu não posso comer, por que você está fazendo isso na minha frente, me fazendo passar vontade?

Ora, quanta infantilidade. A questão é que ninguém é obrigado a fazer dieta junto comigo e todos são livres para comer o que bem entenderem. Cabe a mim fazer o discernimento e entender que nem tudo que as pessoas fazem, são para me prejudicar. Elas apenas estão com vontade e pronto. Bem, isso acabava refletindo nos outros, me tornando uma pessoa muito inconveniente. Quando eu estava em um lugar que eu não pudesse interagir com os outros, por vezes sentia um certo ciúmes das pessoas e me perguntava "Por que eu não posso ser normal como os outros?" ou "Por que eu tenho que passar por isso?". Esse ar de inferioridade me acompanha desde que eu era criança, sempre me passa pela cabeça por que eu não sou boa o suficiente? Eu só não quero mais me vitimizar.

Ninguém tinha culpa, eu só precisava achar um jeito de lidar com isso. Eu consegui me adaptar a dieta. Mas não estava conseguindo lidar com meus sentimentos perante a essa condição em relação aos outros. Não que os outros tenham que se adaptar a minha realidade e nem eu, tenho que me adaptar a realidade de ninguém. Eu só tinha que encontrar uma forma de me sentir "normal" mesmo com minhas limitações.


Demorei, mas achei.


Ninguém disse que eu não podia sentir o cheiro das coisas e nem bater foto dos outros comendo. Eu gosto muito de ver os outros comendo. Não sei, a felicidade no rosto das pessoas ao comerem é diferente, me traz sensação de bem estar. Um tanto esquisito, mas é meu jeitinho peculiar de enxergar a felicidade nos pequenos detalhes da vida.
Então eu sinto o cheiro da comida, observo os outros comerem e bato foto. A cor, a textura e o cheiro são bons. Eu posso perguntar como é o sabor, eu gosto de ouvir os outros falarem sobre coisas e então, eu venho aqui postar tudo o que eu vivi.
São as experiências que me movem, sejam elas boas ou ruins.
Acho que finalmente encontrei a melhor definição do que é ser celíaca e isso não precisa ser uma sentença, desde que eu consiga manter a estabilidade.


Ser celíaca é saber sentir através de uma outra linha não convencional.





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