Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

A criação do Mundo Caótico

Eu nunca escrevi sobre a origem do blog em detalhes, apenas disse que foi devido a uma decepção amorosa que me ocorreu em 2008. Então vim aqui deixar registrado, por que essa lembrança me veio a mente e hoje, após tantos anos, posso escrever sobre, foram aprendizados da minha vida.

Durante toda a minha existência, gostei de pouquíssimas pessoas e isso fez surgir um boato em minha adolescência de que eu era lésbica. Até minha mãe ficava desconfiava vez em quando, eu acho, por que nunca fui de expressar sobre sentimentos, felizmente isso passou quando ela descobriu sobre o Filipe e é sobre ele que falarei agora.


Eu sempre gosto de pôr alguma imagem em minhas postagens, por que acho que fica visualmente melhor e eu não sabia da existência dessa foto até resolver escrever sobre isso. Estava perdida no acervo do meu irmão. Nela está eu, minha colega Renata, meu colega Thiago e o Filipe.

Tudo começou através de amigos em comum, o ser morava no bloco 6, atrás do meu. Seria muita coincidência se os nossos apartamentos fossem de frente, mas não, o dele era virado para o outro lado. Eu tinha 16 anos na época e lembro que eu passava por um momento ruim, sofria bullying no colégio de três pessoas e meu pai tinha sido recém diagnosticado com leucemia. Minha mãe tomava antidepressivos e quando não estava dormindo, descontava em mim as frustrações. Meus irmãos estavam começando a carreira militar e quase não ficavam em casa e nesse furacão, eu conheci o Filipe e tudo parecia melhorar quando eu conversava com ele. Nós nos dávamos muito bem e não demorou para que a amizade surgisse. Era uma boa sintonia.

A gente não estudava no mesmo colégio mas toda vez que eu chegava da escola com minhas colegas, nós nos encontrávamos, sentávamos no banquinho central, perto da árvore "Nicolas" (Essa é uma história que deixo para contar depois) conversávamos e cada um seguia para suas casas. As vezes ele interfonava lá para casa para me convidar a descer e conversar com a galera e com o tempo, a amizade se tornou amor. Pelo menos da minha parte. Eu guardei aquele sentimento dentro de mim e ele começou a namorar a Jéssica, o que foi muito difícil por que quando eles brigavam, ele vinha desabafar comigo. O verdadeiro significado de friendzone.

Naquela época eu não entendia muito bem, mas hoje, depois de tudo que eu já vivi, as reclamações dele em relação a ela foram as mesmas que eu tive em meu antigo relacionamento. E se eu tivesse a maturidade que tenho hoje, com certeza teria dado conselhos diferentes. Mas eu só tinha 16 anos...

O tempo passou e eles terminaram de vez. 

Naquele momento, eu ainda gostava de brincar de boneca e quase sempre descia com minhas vizinhas, que eram crianças entre 8 a 10 anos para brincar com elas, seja de barbie, casinha ou outras coisas. Como sempre tive aparência de criança, então aquilo nunca incomodou ninguém e eu adorava rir e escutar as histórias que a gente inventava, até o dia que começaram a pegar no meu pé e eu me tornei o alvo de chacota do bloco 5.

Um dia eu desci para dizer a elas que eu não ia mais brincar com tanta frequência e dei de cara com a Jéssica. Conversamos, ela me conhecia, mas eu não a conhecia tão bem. Acabamos nos tornando colegas e eu me dava muito bem com ela, era uma pessoa muito gentil e eu jamais iria dizer a ela qualquer coisa sobre meus sentimentos pelo Filipe.

O ano passou, eu com 17 anos, convidei o Filipe para o meu aniversário e foi a partir disso que as coisas começaram a tomar outro rumo. Ele não foi justamente por que eu convidei a Jéssica. Ela ia embora para Belém (Depois de anos, a encontrei por lá, ironia do destino, não?) É uma pessoa que tenho carinho até hoje. Bem, meu convite foi para me despedir antes dela ir embora, então alguns dias depois o Filipe me deu de presente um colar com esse pingente:


Ele disse: "Somos como sol e a lua"
Se eu tivesse prestado atenção, isso era um indício de que ele me via apenas como uma amiga. Só que eu entendi que a gente se completava e tive a "brilhante" ideia de me declarar para ele.
Então peguei uma folha toda enfeitada do meu fichário e escrevi a letra da música "Pensando em você" da banda Pimentas do Reino, mandei mensagem dizendo que precisava falar com ele e então marcamos de nos encontrar no banquinho central, depois do colégio. E lá estava ele, sentado e sorrindo, respirei fundo e fui andando devagar, tentando criar coragem. Eu realmente estava fazendo aquilo? Eu lembro muito bem daquele dia, estava quente e ensolarado. Ventava bastante. Eu tinha até feito chapinha na minha franja e tinha passado um batom vermelho.
Cheguei nele, cumprimentei e entreguei a carta. Eu disse para ele ler em casa, então nos despedimos.

Passados alguns dias, ele me mandou mensagem dizendo que precisávamos conversar, então marcamos no mesmo lugar e no mesmo horário. Naquele momento, eu já sabia o que ele iria me dizer, a gente sente quando vai levar um toco kkkkkkkk... E foi isso que aconteceu, quando conversamos, ele disse que gostava de mim como amiga e que estava apaixonado por outra pessoa, que depois que tinha terminado com a Jéssica, tinha reencontrado um amor de infância, Alexia, me mostrou foto dela e até disse que ela estava voltando a morar lá no condomínio. Acreditei, só que a partir dali, nos afastamos. 

Um belo dia, eu fui com minha colega na casa do Léo, que também morava no bloco 6, atrás do Ted (Sim, o Ted) e acabei encontrando com o Filipe, ele disse que tinha algo para me entregar e então, eu perguntei se ele estava sozinho em casa e ele me disse que não, então eu fui. Quando ele abriu a porta, dei uma olhada para ver se tinha alguém mesmo e a mãe dele estava sentada no sofá e me encarava de uma forma estranha. Entramos e ele foi até o quarto dele, só que não demorou muito para ele vir e dizer que não achou o que queria me entregar, então eu agradeci e fui embora, eu não tinha entendido nada. 

Os dias se passaram novamente e ele se reaproximou, voltamos a nos falar e então ele começou a demonstrar interesse. Sempre que tinha oportunidade, ficava tocando nos meus cabelos, me abraçava quando me via, me chamava para cantar na banda dele. Inclusive, essa música aqui embaixo, aprendi a tocar por que ele que queria cantá-la em um festival.


Eu ia convidá-lo para almoçar na minha casa, apresentá-lo ao meus pais, só que quando chegou setembro, no dia de São Cosme e Damião, descobri por terceiros que ele não quis estar comigo por que me achava feia, tanto de rosto, quanto de corpo. Aquilo me chocou, como uma pessoa que se diz minha amiga ou que aparentava estar gostando de mim, pudesse falar algo assim? Eu não acreditei de primeira por que precisava ouvir isso dele, será mesmo que era verdade? Fui atrás para tirar satisfação.
Geral estava correndo pegando doces. Fui na casa dele e me disseram que ele estava com os meninos, perguntei para colegas em comuns e eles me olharam com uma cara estranha, até que uma menina me disse onde ele estaria. Então eu fui e quando o encontrei, ele estava ficando com uma garota que era bem conhecida por ser a "Gostosa" do condomínio. Se ele realmente estivesse apaixonado pela Alexia, então ele não teria ficado com outra. Foi então que caiu a ficha de que o que me disseram, era realmente verdade e que tudo foi desculpa para me deixar na reserva. Por que ele não teve a coragem o suficiente de dizer que não me queria. 
Bem, ele não me viu. Eu nem esperei muito tempo, dei meia volta e fui embora. Eu lembro que cheguei no meu bloco e peguei o elevador e subi até o último andar e lá, sentada na escada, chorei muito, por tudo que tinha acontecido, pelas coisas que eu estava passando, eu estava muito cansada. Naquele momento, o Eder, meu melhor amigo, não estava lá comigo, ele já tinha ido embora e eu me senti muito sozinha. Quando criei coragem para voltar para casa, minha mãe percebeu e foi a primeira vez que ela descobriu que eu gostava de alguém. Fim da carreira lesbiônica kkkkkkkkkk

Nós não conversamos sobre isso.

Passei alguns meses sem falar com o Filipe e nem respondia as mensagens dele. Eu fiquei bem decepcionada. Aí chegou o aniversário de 15 anos de uma colega em comum e ele foi. Enquanto a festa rolava, essa colega me disse que ele queria ficar comigo, mas aí eu disse que não queria mais estar com ele. Meu amor, ele jamais iria ter novamente.
Depois disso, nos afastamos cada vez mais. O Eder, mesmo longe, me disse que eu poderia fazer um diário para desabafar, quando eu me sentisse sozinha. Foi então que criei esse blog, para deixar registrado todas as minhas experiências sejam elas boas ou ruins, para quando no futuro, eu voltar e reler tudo, poder rir. Estando mais velha e mais madura. De certo que eu apaguei as postagens antes de 2010, mas tudo bem.
A última vez que vi o Filipe foi um dia antes de eu ir embora do RJ, ele apareceu na minha casa cantando a música do Paralamas "Aonde quer que eu vá", me deu um abraço bem forte e disse boa viagem. 
Levei um tempo para esquecer essa decepção. Junto com os bullyings que eu sofria na escola, ele me deixou diminuída e por muito tempo acreditei que eu não era boa o suficiente. Minha auto estima ficou tão baixa, a ponto de não querer frequentar lugares que mostrassem muito meu corpo, como praias e piscinas. Também aboli da minha vida vestidos, saias e shorts que eu gostava de usar. Gostei dele até os meus 18 anos, quando finalmente desapeguei e segui em frente. Nessa idade, busquei ajuda de um psicólogo e fiquei em tratamento durante 5 anos por conta das consequências que essas situações me trouxeram.
Ainda há resquícios e mesmo que eu tenha despencado recentemente, eu estou bem melhor. Se eu não morri até agora, acho que eu realmente devo ser forte...

Então é isso, queridos caotinhos, essa foi a origem do Mundo Caótico e cá estamos até hoje, seguindo sempre, mesmo nos altos e baixos.
Hoje eu tenho 31 anos, daqui há 10 anos, quando eu tiver 41, será que vou rir das coisas que estou vivendo agora?




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