Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Dentro de mim - T01 E04 - O regresso

Caio estava parado na varanda do apartamento. Sentia o vento leve tocar o rosto. Rosto sem expressão nenhuma. Havia alguns meses que tinha tido alta hospitalar e também que visitou o túmulo de Ana. Não o fazia com frequência, a dor ainda era inconfortável. Viver em um mundo sem ela era difícil de imaginar. Aquele amor ele nunca mais iria ter, a inocência de um amor de infância. Desde aquela época o destino estava traçado e ele nada podia fazer.
A lágrima escorria descontrolavelmente, porém o rosto continuava sem expressão. De repente ele escutou o som da campainha. Era Rita.

__Como tu está? - Ela entrou dando-lhe um abraço apertado. Caio deixou que a emoção tomasse conta de seu ser. A única coisa que se podia escutar era os soluços do rapaz. Ficaram assim durante uns minutos, até que ele se recompôs.
__A cada dia que passa, afundo mais. É assim que me sinto - Caio sussurrava com voz trêmula.
__Tu tem ido na terapia, amigo?
__As vezes...
__Caio, tu tens que ir.
__Eu só queria ter ido no lugar dela. Eu me sinto tão culpado - Caio colocou as mãos no rosto tentando evitar as lágrimas e Rita já conhecia aquela conversa. Ele sempre falava isso, ainda não tinha aceitado a tragédia.
__A Ana não era forte o suficiente para isso, Caio. Eu tenho certeza que de onde ela estiver, ela está olhando para ti.
__Eu tranquei o curso, até estar bem de novo. Não sei se foi a decisão correta, mas por enquanto eu não sinto vontade de nada.
__Eu entendo. Sabes que pode sempre contar com teus amigos, né? - Rita sentou ao lado dele e colocou sua mão sobre o ombro do rapaz. Aquela tarde passou bem rápida, os dois conversaram bastante e Caio até se atreveu a rir um pouco. Depois de algumas horas, Miguel também havia chego para uma visita. Os únicos que sempre estavam por perto, vigiando e cobrando Caio para tudo.

Caio havia passado por muitas coisas nos últimos meses, ele havia trancado o curso na faculdade, frequentava a terapia semanal, se apegou mais aos pais, que antes ele nem sequer falava direito. E também voltou a ir a igreja. Apesar do vazio que sentia, ele tentava continuar, sempre repetindo para si mesmo que ele não podia desistir e que tudo que ele faria, seria por Ana. Ela ficaria feliz em saber que ele conseguiu estar bem, depois de tudo.
Conforme ele ia se recuperando, presenciou Rita começar a namorar "Seboso" o apelido de Cristiano, um calouro do curso dela e de Ana. Ele também foi um conselheiro para Miguel, que pela quarta vez terminava um namoro. Depois de quase 1 ano, os amigos se afastaram um pouco, pois Rita desfrutava da experiência do primeiro namoro e Miguel começou a fazer estágio. 1 ano foi o suficiente para Caio decidir retornar a faculdade e rever os amigos. Tudo parecia diferente, a faculdade tinha novas pessoas e sua turma não era mais a mesma. Miguel estava bem adiantado, mas Caio nunca teve medo de encarar novas pessoas.
Estava parcialmente nublado quando Caio chegou a faculdade. Com roupas pretas e barbudo, ele chamou atenção de algumas meninas que estavam paradas em frente a biblioteca. Um jeito mais maduro e com uma consciência mais tranquila. 1 ano após a morte de Ana, fez Caio ficar endurecido por dentro, mas o bom humor ainda restava em sua personalidade. Olhou com atenção ao redor e não viu ninguém conhecido, começou a andar pelos corredores lentamente, observava todos os detalhes, como se tudo parecesse novo. Sim, tudo era novo para ele, afinal, as lembranças com Ana, naquele lugar, ele tratou de esquecer. De repente algo esbarra violentamente nele.

__Cara, foi mal - Um jovem deixou cair todos os cadernos no chão.
__Não, não se preocupe, eu te ajudo - Caio abaixou para pegar os livros.
__Tu não é... Caio? - O jovem olhou para Caio como se estivesse o reconhecendo e ele fez uma careta, pois não estava sabendo identificar a pessoa.
__Sou eu, o Leonardo!
__LEONARDO? - Caio deu uma breve olhada para o colega de classe de Ana e quase não o reconheceu. Ele estava muito diferente.
__Cara, tu voltastes! - Ele deu um abraço apertado - Espera só os carinhas saberem que tu voltastes!
__Era para ser uma surpresa - Caio deu uma risada sem graça.
__Tranquilo, não vou contar, aliás eu to com um pouco de pressa, levar essa papelada lá pra secretária.
__Trabalhas aqui?
__Monitoria, então, to indo nessa. Bom te reencontrar! - Leonardo saiu disparado, enquanto acenava para Caio. Quando o mesmo olhou para o chão e viu um pedaço de papel "Com certeza deve ser dele" ele pensou enquanto abaixava para pegar.
__Ah ele já foi, depois eu entrego - Caio sussurrou enquanto colocava o papel na mochila. Seguiu para a escada, afim de encontrar sua sala. Não localizou nem Miguel e nem Rita. Onde será que eles estavam?
Ele subiu as escadas devagar, ao chegar no primeiro andar, sentiu o estômago embrulhar e o coração bater acelerado, como se tivesse levado um susto. Saiu do banheiro uma moça com cabelos longos e negros, a pele branca e os olhos claros que o fazia lembrar de alguém.

__Ana? - Foi a única coisa que Caio conseguiu fazer ao se deparar com aquela mulher que era idêntica a sua falecida namorada.

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