Um beijo, um queijo... Deixe ir.

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Confesso que ainda me restava um pouco de sentimento e não sei por que, mas algo lá no fundo me fazia acreditar que um dia você iria voltar a falar comigo. Me agarrei a pequenas esperanças iludidas por um sentimento intacto. Se passaram 2 anos e tudo isso foi se desfazendo pouco a pouco. Depois de tanto tempo, eu finalmente vou soltar essas lembranças e deixar partir o que restou. Me abri para o novo, um lugar desconhecido da qual ainda tenho medo... Porém sei que me fará bem algum dia. Esse novo amor apareceu de repente, fiquei meio desconfiada, ele seria o abraço que eu tanto precisei e esperava? O abraço me consolou naquele dia frio e escuro e eu retribuí, por que senti algo diferente. Não sei o que será daqui para frente, não tenho expectativas e nem ansiedade, mas iremos com calma... Sei que já estamos nos tornando grandes amigos e isso é importante.  Se você gostou, eu não sei, mas segundo minha mãe, se não tivesse gostado, não teria me beijado tantas vezes.

Past continuous - T01 E09 - Pedro

Camila chegou em casa quase na hora da janta. A mãe meio assustada com a mudança repentina da filha perguntou como tinha sido os estudos:

__Foi todo mundo? -Perguntou Vera
__Sim, foi um dia bem produtivo - Ela tentou disfarçar. Sentou na mesa para jantar, estava faminta. As coisas eram tão diferentes. Se perguntava a todo momento, como aquilo era possível. E Vinícius? O que ele estaria fazendo. O fim de semana estava próximo, ela não queria ir, mas tinha por que havia prometido a Amanda que iria apresentá-la para Júlio. As coisas aconteciam com rapidez, para qual história o tempo iria levá-la? Será que teria final feliz?
__Eu fiz panqueca, sua comida favorita!
__Nossa, está ótima, obrigada, mãe - Por um momento havia esquecido que tinha voltado para 2011. Até sua mãe era diferente.
A janta foi cheia de conversa, como sempre fora, o pai falava do trabalho, a mãe falava das últimas fofocas com a irmã dela e Camila pensava se iria ou não ligar para Timo.
Passado alguns minutos, levantou. Lavou o prato e secou. Para o espanto de todos. Camila nunca que iria levar o prato e ainda sequer. Realmente, ela estava mudada. Já no quarto, pegou o celular antigo, pequeno e ela mal conseguia mexer nele. Acostumada com o xperia de 2016, decidiu ligar para Carlos. Chamou, chamou e ninguém atendeu. Desligou o telefone... Nessa época ela não tinha o notebook ainda, que falta ele fazia. Pensou. Decidiu ligar para Pedro e pegar o msn dele, é claro, tinha esquecido que em 2011 ainda existia o msn.

"__Pedro?
__Oi?
__É a Camila, você tem msn?
__Tenho, anota aí Pedrinho...
__Pedrinho?
__2490...
__pedrinho2490...
__@hotmail.com anotou?
__Anotado, então, vou entrar agora, daí a gente se fala por lá!
__Beleza... Então até lá - Deu um risada
__Certo, tchau, beijos!
__Beijos! "

Camila desligou o telefone e foi para a sala, lembrou que ainda tinha um computador. Ligou o ventilador em sua direção, por que não importava o ano, os mosquitos sempre se acumulavam debaixo da mesinha, prontos para ferrar e o ventilador ligado espantava-os. Ligou o computador e olhou no celular, estava tarde, para alguém que iria acordar cedo no dia seguinte. Sua mãe já estava brigando dizendo para ela ir dormir. Tinha esquecido desse detalhe, sua mãe era bem mais autoritária naquele ano. Mas queria falar com Pedro a qualquer custo. Ainda bem que a senha estava salva, já que Camila não lembrava da senha do msn. Até 2016 já tinha trocado mais de 4 vezes.


*Oi - Pedro chamou e aquele barulho de nova conversa soou nostalgicamente.
*Oiii - Camila achou tão divertido usar o msn novamente, parecia aquela sessão nostalgia.
*Você chegou bem, em casa? Meio longe onde moras.
*Cheguei sim, que nada, eu costumava ir muito em sua casa, em 2016 - Foi muito esquisito falar do futuro no passado.
*Acho que 2016 é seu passado, agora - Pedrou colocou um emoticon de risada
*kkkkkkkk você tem razão - A conversa não fazia o menor sentido. Tempo, passado e futuro e Pedro ali, acreditando. Em nenhum momento quis mandá-la para um hospital. Afinal, ela apareceu do nada na porta da sua casa dizendo ser sua melhor amiga da faculdade de biologia em 2016. Sim, só por que ele ainda não tinha visto nada parecido, não significaria que viagens no tempo não existissem.
*Me conta, como eu sou em 2016? - Pedro perguntou.
*Você é uma pessoa muito generosa e legal. Você é um dos meus melhores amigos. Está um pouco diferente do que é hoje. Está mais magro e está namorando a Fernanda.
*Eu tenho namorada? - Pedro colocou uma carinha de assustado
*Tem kkkkkk vocês namoram já tem alguns meses.
*Estou abismado! O que te fez vir para cá? Para 2011? Você desejou isso?
*Como eu te disse, eu olhei para uma foto e simplesmente fui sugada por ela.
*Tudo o que fez antes, você lembra? 
*Não lembro exatamente. Apenas estava triste, muito triste.
*Por que?
*Por que faziam 3 meses que eu tinha terminado meu relacionamento. Não por brigas, não por falta de amor. Ele apenas decidiu tentar algo melhor e foi embora... Ele mora em Minas agora. Faz faculdade de fisioterapia.
*Então vocês decidiram terminar...
*Sim, mas agora nem volta tem, ele já está namorando outra pessoa. Eu fiquei com muita raiva dele. Por que, né? A vida segue e a fila anda.
*Você ainda gosta dele?
*Eu não sei te dizer, tudo que eu sinto é raiva.
*Então acho que já sei por que você voltou - Pedro colocou uma carinha inexpressiva.
*Para tentar mudar meu destino?
*Não, para não conhecê-lo! - Nesse momento Camila ficou sem muita reação. Pensou em como aquilo ficou dentro da mente dela. Fazia sentido. Se bem que ela já o conheceu, foi inevitável, mas ela poderia não conhecê-lo melhor. Poderia se afastar. 
*Está aí? - Pedro apertou o botão de chamar atenção. A tela inteira tremeu e Camila soltou uma risada, aquilo era tão antigo e tão legal.
*Eu estou aqui kkkkk apenas pensei nisso. Bem, eu já o conheci, mas não tenho tanta intimidade. O problema é que o amigo dele, meu amigo também, acha que estou afim dele.
*Você se mete em cada rolo. Eu vou dar uma pesquisada sobre essas coisas. Tenho um monte de livros que falam sobre isso. Talvez em alguma história em quadrinhos kkkkkkk
*Entendi, bem, eu vou vê se lembro de alguma coisa e to indo nessa, amanhã acordo cedo.
*Que merda, em? Você faz curso? 
*É a vida... Eu bem que poderia já fazer o curso de biologia. Mas aí não estaria na mesma sala que você.
*Mas você já me conheceu, não teria problema nenhuma.
*Cara, é verdade - Camila não estava colocando a cabeça para funcionar. Se ela já mudou o passado conhecendo Pedro. Então não teria problema em fazer logo a faculdade o melhor é que não ia correr nenhum risco de encontrar Vinícius pelo caminho.
*Então pensa aí, boa noite e beijos!
*kkkkk pode deixar, boa noite, Pedro, beijos!


Camila desligou o computador e foi deitar, Vera falava da janela de 20 em 20 minutos para ela ir dormir. Ela sabia que Camila era uma luta para acordar cedo.
O relógio marcava 6 horas da manhã e a menina já estava de pé. Para a surpresa de Vera e Elias. Que bicho mordeu a filha? Realmente ela estava muito mudada e então, Vera decidiu ter uma conversa com ela depois que ela chegasse do colégio. Seria algum namoro escondido?

__Bom dia, mãe, bom pai! - Camila acordou eufórica.
__Bom dia - Os dois falaram ao mesmo tempo sem reação, observando se aquela menina era mesmo a filha deles.

O café foi silencioso e Camila comia como se nunca tivesse visto comida na frente dela. Os pais a olhavam receosos, ela nunca comeu tanto daquele jeito. Levantou, lavou a louça, apenas não secou e foi escovar os dentes. Depois de alguns minutos, já estava na bicicleta com seu pai. Fazendo o mesmo percusso de anos atrás. Como aquilo era bom... O pai ficou em silêncio, queria fazer muitas perguntas, mas preferiu não falar nada, decidiu conversar depois que Vera falasse com ela. Chegaram no colégio. O pai se despediu e foi embora. Camila observou Júlio parado em frente ao colégio como de costume e quando ela menos esperava, Vinícius apareceu da esquina bem na sua frente e os dois quase se esbarram.

__Oi - Ele deu um sorriso amigável, mas Camila ficou muda enquanto o observava com os olhos arregalados, surpresa. Não importava o quanto ela  negasse, sim, ela ainda o amava.




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